Em termos gerais, a logística trata de levar produtos de A para B. Mas todos nós sabemos que a cadeia de abastecimento não é tão simples, especialmente nesta era do comércio eletrónico. O processo logístico nem sempre termina com a notificação “Package Delivered!!”
A definição de logística reversa é o processo de devolução de mercadorias na cadeia de abastecimento para recuperar valor (reutilização, reciclagem, etc.) ou revenda. Em outras palavras, é a atividade logística após a venda inicial de um produto para extrair valor ou encerrar o ciclo de vida do produto. Isso inclui o transporte físico de mercadorias, bem como os elementos organizacionais e administrativos, como a gestão de devoluções, trocas e anulações. Resumindo: a logística reversa é o termo coletivo para mover mercadorias na direção oposta à normal, do cliente para os comerciantes, fornecedores ou fabricantes.
Atualmente a logística reversa tem tido amplo reconhecimento como uma atividade onde as organizações podem retirar vantagem competitiva. As fortes disputas por mercados, os reduzidos ciclos de vida dos produtos, aliados a altas taxas de retorno, a preocupação pelas questões ambientais e de desenvolvimento sustentável, as imposições legais, entre outros, tornam-se fatores relevantes para o desenvolvimento e implementação de processos de logística reversa.
Agora que ficou claro que o termo “Logística Reversa” representa grande complexidade, vamos então dividi-lo no que é conhecido como os “Cinco Rs”: Retornos, Revenda, Reparos, Reposições e Reciclagem.
RETORNOS
As devoluções são o rosto do consumidor na logística reversa e, sem surpresa, o mais falado. O crescimento das vendas online desencadeou um aumento das devoluções, criando desafios para comerciantes e empresas de logística. As empresas que lidam melhor com esse tipo de logística são aquelas que a consideram uma competência fundamental e parte integrante da sua marca.
REVENDA
Depois que um produto é devolvido, os outros quatro Rs entram em ação. A revenda envolve o processamento e a venda de produtos devolvidos para outro cliente, o que parece óbvio, mas não é bem assim.
A maioria dos produtos não é devolvida devido a danos ou defeitos, mas simplesmente porque os consumidores não os querem. Mas revendê-los requer uma série de serviços adicionais, como seleção ou teste, reembalagem, gestão de stock e muito mais. Algumas empresas transformam devoluções em receita revendendo mercadorias devolvidas em massa para empresas de outlet, também conhecidas como “open-box”.
REPAROS
Itens danificados ou defeituosos geralmente podem ser reparados ou reformados e reenviados aos clientes. Algumas empresas tentam reparar os produtos e revendê-los como “como novos” ou “recondicionados” se os clientes não os quiserem de volta. O processo deve ser gerido de forma rápida e eficiente para torná-lo econômico.
REPOSIÇÕES
Quando os consumidores compram o tamanho, modelo, cor errada etc., eles podem querer substituí-lo em vez de devolver o produto para reembolso. Alguns comerciantes até enviam o item de substituição assim que o cliente inicia o processo de devolução. Alguns mercados oferecem recolha e entrega simultâneas das embalagens de devolução e substituição ou a reutilização da embalagem de substituição para enviar a devolução.
RECICLAGEM
Segundo pesquisa da McKinsey, consumidores e empresas estão cada vez mais interessados ??em fazer escolhas com foco na sustentabilidade. Isso significa que todas as opções de reciclagem de produtos devolvidos devem ser esgotadas antes de considerar o abate.
Esse tipo de logística reversa é indiscutivelmente o mais importante, e as empresas de comércio eletrônico têm um papel essencial a desempenhar. Se um sistema de devolução robusto não estiver em vigor, as mercadorias nunca poderão ser classificadas, processadas e recicladas - ou abatidas adequadamente. Portanto, estabelecer um modelo de negócio que facilite a devolução de produtos usados – e promovê-los bem – pode reduzir consideravelmente os danos causados ??por aterros sanitários que contaminam o meio ambiente. Além disso, a reciclagem pode aumentar a reputação de uma empresa (práticas de negócios sustentáveis) e os resultados (custos reduzidos).
VANTAGENS DA LOGÍSTICA REVERSA
Agora que definimos a logística reversa e analisamos os 5 Rs, vamos falar sobre os benefícios. Vantagens que as empresas podem obter com o uso da logística inversa:
Vantagem ambiental
- Redução do volume de resíduos com o reaproveitamento dos materiais;
- Redução do uso de recursos naturais;
- Eliminação da poluição pela diminuição dos resíduos;
- Melhoria da imagem corporativa.
Vantagem legal
- Cumprimento da legislação;
- Prevenção de coimas e paralisação da atividade pelo não cumprimento de normas legais.
Vantagem económica
- Criação de novos negócios na cadeia produtiva;
- Redução de investimentos em fábricas;
- Economia do custo de energia na produção com a reciclagem;
- Aumento de fluxo de caixa com a venda dos produtos secundários e resíduos;
- Aproveitamento do canal de distribuição para escoar os produtos secundários;
- Obtenção de financiamentos subsidiados por operar com práticas ecologicamente corretas.
Vantagem logística
- Menores custos logísticos;
- Otimização de recursos e eficiência nos processos;
- Melhoria do nível de serviço prestado ao cliente.
Face aos inúmeros obstáculos que se apresentam à implementação da logística reversa, é importante que as organizações superem as dificuldades de desenvolvimento de programas desta natureza, procurando soluções de gestão de curto, médio e longo prazo que se adequem às suas necessidades específicas.
Actualmente, qualquer organização, deverá procurar maximizar os lucros dos seus accionistas através da adoção de uma postura de responsabilidade social de modo a perpetuar o seu sucesso. Neste contexto, fatores intangíveis como o desenvolvimento de produtos amigos do ambiente ou a implementação de práticas de proteção ambiental, revelam-se cruciais para longevidade sustentável das empresas.
Referèncias:
https://lot.dhl.com/
Rogers, D. & Tibben-Lembke, R. (1998). Going backwards: reverse logistics trends and practices. Reverse Logistics Executive Council. Disponível em: 14, Novembro, 2013, http://www.rlec.org/reverse.pdf
CARVALHO, José Crespo de; DIAS, Eurico Brilhante - Estratégias logísticas: como servir o cliente a baixo custo. Lisboa. Edições Sílabo. 2004.
REIS, Lopes dos - Estratégia empresarial: análise, formulação e implementação. 2ª ed. Lisboa. Editorial Presença. 2008.